quarta-feira, 14 de julho de 2010

Larissa Riquelme, a personificação da alienação brasileira

Sempre que eu penso que não posso me surpreender com mais nada, vem a vida e me prova que estou errada. Infelizmente acabo surpreendendo-me negativamente, na grande maioria dos casos, e com as pessoas. Parece-me que, no Brasil, cada vez mais estamos retornando ao estado natural dos seres humanos: a falta de racionalidade e a não contenção dos instintos mais primitivos.

Larissa Riquelme, a "musa" da Copa (título altamente questionável), personifica toda a alienação dos brasileiros e a total falta de critérios e prioridades. Antes que digam que é recalque meu ou inveja posso garantir que não é e, se necessário for, posso provar. Tiro meu chapéu pro primeiro homem que disser que não acha ela tudo isso e que prefere outras que são tão bonitas quanto e demonstram ter muito mais conteúdo, como a Angelina Jolie.

Há uma diferença entre achar bonita e tornar a pessoa alguém de destaque. Como disse uma amiga minha: a guria só veio pra cá, devemos ser o único país que prestou atenção nela. Pois então, resolvi me informar sobre tal criatura de Deus e nada melhor do que olhar o perfil no Facebook. Depois de muitas fotos e de praticar meu espanhol cheguei a uma inevitável conclusão: perdi 30 minutos do meu já escasso tempo. Em qualquer coisa que ela faça, está sempre valorizando os atributos que Deus e o cirurgião plástico lhe deram. Alguma semelhança com as (sub)celebridades do Brasil? Posar pelada e rebolar é a grande receita para se ganhar dinheiro e fazer "fama" aqui. Não necessariamente nesta ordem.

Como boa jornalista e que prestou atenção nas aulas (ok, nem todas, eu admito) de teorias da comunicação, sei da importância social de programas como novelas e até mesmo do Big Brother (tão questionado pelos cults). Além de distração em uma rotina cada vez mais apertada e com mais prazos, este tipo de programa tem a função social de despertar certos questionamentos e levantar temas para debate na sociedade. Gerar celebridades instantâneas é uma conseqüência. Até aí, tudo certo. O problema é quando estas "celebridades" ganham mais destaque do que os temas relevantes. Me desculpem os marmanjos babões, mas não consigo levar a sério quem não sabe controlar seus instintos e fica babando por um grande par de silicone e um corpo em dia. Agora, respeito os homens que valorizam o conteúdo das mulheres.

Estamos em ano de eleições, somos o próximo país sede da Copa do Mundo, sediaremos as Olimpíadas de 2016 e ainda temos inúmeras questões sociais, políticas, de infra-estrutura e econômicas a serem resolvidas, mas cerca de 30 jornalistas no mínimo (todos homens, por que será?) estavam cobrindo a passagem de Larissa Riquelme pelo Brasil. Enquanto ela exibia a boa forma para os brasileiros babões, políticos roubavam um pouco mais em Brasília, gente morria por causa das chuvas em Alagoas e outras tantas mulheres eram espancadas e crianças maltratadas. Ela vai ajudar na construção de escolas? Doar dinheiro para a caridade? Auxiliar as vítimas das enchentes no nordeste? Não, ela apenas posou para algumas fotos de uma marca sem sutiã. Acho que está na hora de revermos nossos conceitos.

Um comentário:

  1. Ai Ju... sei lá... a copa do mundo precisa de uma "musa". Faz parte da brincadeira, da diversão. E pra isso não iam escolher a mais inteligente, certamente. Deixa a guria, ganhou seus 15 minutos de fama. Sei lá, não me incomodei muito com isso não. Acho que homens de verdade sabem diferenciar a mulher pra comer de uma mulher pra casar. Larissa faz parte do primeiro grupo, nós, do segundo. São coisas diferentes. Homem sempre vai babar por um par de silicone e um corpo bonito, tem sido assim nos últimos tempos e a tendência é que esse comportamento ainda perdure por muito tempo. Não sei se adianta lutar muito contra isso (ah, essa nossa sociedade...). Só temos que separar o joio do trigo e achar quem presta de verdade, homens que respeitam e prezem pelo conteúdo de uma mulher e mulheres que tenham algum conteúdo, claro.

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