Sempre que eu penso que não posso me surpreender com mais nada, vem a vida e me prova que estou errada. Infelizmente acabo surpreendendo-me negativamente, na grande maioria dos casos, e com as pessoas. Parece-me que, no Brasil, cada vez mais estamos retornando ao estado natural dos seres humanos: a falta de racionalidade e a não contenção dos instintos mais primitivos.
Larissa Riquelme, a "musa" da Copa (título altamente questionável), personifica toda a alienação dos brasileiros e a total falta de critérios e prioridades. Antes que digam que é recalque meu ou inveja posso garantir que não é e, se necessário for, posso provar. Tiro meu chapéu pro primeiro homem que disser que não acha ela tudo isso e que prefere outras que são tão bonitas quanto e demonstram ter muito mais conteúdo, como a Angelina Jolie.
Há uma diferença entre achar bonita e tornar a pessoa alguém de destaque. Como disse uma amiga minha: a guria só veio pra cá, devemos ser o único país que prestou atenção nela. Pois então, resolvi me informar sobre tal criatura de Deus e nada melhor do que olhar o perfil no Facebook. Depois de muitas fotos e de praticar meu espanhol cheguei a uma inevitável conclusão: perdi 30 minutos do meu já escasso tempo. Em qualquer coisa que ela faça, está sempre valorizando os atributos que Deus e o cirurgião plástico lhe deram. Alguma semelhança com as (sub)celebridades do Brasil? Posar pelada e rebolar é a grande receita para se ganhar dinheiro e fazer "fama" aqui. Não necessariamente nesta ordem.
Como boa jornalista e que prestou atenção nas aulas (ok, nem todas, eu admito) de teorias da comunicação, sei da importância social de programas como novelas e até mesmo do Big Brother (tão questionado pelos cults). Além de distração em uma rotina cada vez mais apertada e com mais prazos, este tipo de programa tem a função social de despertar certos questionamentos e levantar temas para debate na sociedade. Gerar celebridades instantâneas é uma conseqüência. Até aí, tudo certo. O problema é quando estas "celebridades" ganham mais destaque do que os temas relevantes. Me desculpem os marmanjos babões, mas não consigo levar a sério quem não sabe controlar seus instintos e fica babando por um grande par de silicone e um corpo
Estamos em ano de eleições, somos o próximo país sede da Copa do Mundo, sediaremos as Olimpíadas de 2016 e ainda temos inúmeras questões sociais, políticas, de infra-estrutura e econômicas a serem resolvidas, mas cerca de 30 jornalistas no mínimo (todos homens, por que será?) estavam cobrindo a passagem de Larissa Riquelme pelo Brasil. Enquanto ela exibia a boa forma para os brasileiros babões, políticos roubavam um pouco mais em Brasília, gente morria por causa das chuvas em Alagoas e outras tantas mulheres eram espancadas e crianças maltratadas. Ela vai ajudar na construção de escolas? Doar dinheiro para a caridade? Auxiliar as vítimas das enchentes no nordeste? Não, ela apenas posou para algumas fotos de uma marca sem sutiã. Acho que está na hora de revermos nossos conceitos.
Ai Ju... sei lá... a copa do mundo precisa de uma "musa". Faz parte da brincadeira, da diversão. E pra isso não iam escolher a mais inteligente, certamente. Deixa a guria, ganhou seus 15 minutos de fama. Sei lá, não me incomodei muito com isso não. Acho que homens de verdade sabem diferenciar a mulher pra comer de uma mulher pra casar. Larissa faz parte do primeiro grupo, nós, do segundo. São coisas diferentes. Homem sempre vai babar por um par de silicone e um corpo bonito, tem sido assim nos últimos tempos e a tendência é que esse comportamento ainda perdure por muito tempo. Não sei se adianta lutar muito contra isso (ah, essa nossa sociedade...). Só temos que separar o joio do trigo e achar quem presta de verdade, homens que respeitam e prezem pelo conteúdo de uma mulher e mulheres que tenham algum conteúdo, claro.
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