sexta-feira, 16 de julho de 2010

Caso Bruno e a sociedade do espetáculo

Estava olhando o noticiário nos últimos dias sobre o caso do goleiro Bruno e resolvi escrever esse pequeno texto sobre a situação. Para o povo brasileiro ele é o culpado e já está condenado. Vejo muita semelhança neste caso com o caso do casal Nardoni: a população pedindo justiça, acusando antes mesmo do julgamento, enfim... Para cada Eliza Samudio e Isabella Nardoni que ganham destaque na imprensa há pelo menos outras 10 que são choradas apenas pela família e que, muitas vezes, nunca pôde enterrar um corpo ou ver a justiça acontecendo. Isso não sai no jornal nem na mídia, pois não são pessoas públicas e a repercussão não é tão grande para movimentar um país. Em meio a tanta corrupção, lavagem de dinheiro, jogo de interesses e tanta coisa podre vindo dos grandões do Brasil, a população vê nesses casos uma maneira de acreditar que sim, no país HÁ justiça. A condenação é comemorada como vitória, quase que pessoal, por pessoas que pouco ou nada tem a ver com o caso. Em um país de tantas desigualdades e com tanta coisa errada ver a "justiça ser feita" é uma maneira de acreditar que sim, as coisas podem melhorar e há uma luz no fim do túnel.

Mais uma vez, as teorias da comunicação surgem na minha vida (eu sabia que devia ter prestado mais atenção nas aulas). Senhoras e senhores, esta é a sociedade do espetáculo. O limite entre o show e a tragédia parece não mais existir nos dias de hoje. Programas se sucedem nos mais diferentes canais de televisão explorando a desgraça alheia, mas tudo isso por um simples motivo: nós consumimos isso. Programas só existem, pois há quem os veja. Jogue a primeira pedra quem nunca se pegou vendo a Sônia Abrão entrevistar especialistas sobre determinado assunto trágico (somente como exemplo, mas existem outros vários apresentadores). Nos dois casos citados antes, alguém morreu e será uma perda irreparável para quem fica. O que é espetáculo e o que é real então? Já não se sabe diferenciar. O que acontece é que tudo acaba virando entretenimento, que acaba sendo consumido por uma sociedade já revoltada pela desilusão com a vida real. E sim, isto é uma crítica também aos meios de comunicação dos quais, como jornalista, me incluo.

Como sou uma pessoa positiva por natureza, acredito que há coisas boas que podem ser tiradas dessa situação. Acho muito triste saber que esses casos envolvendo pessoas públicas são resolvidos com uma agilidade impressionante quando há centenas de outros esperando na fila para que a justiça seja feita. Espero que os brasileiros aprendam com essas situações recorrentes e, em ano de eleição, vejam muito bem para quem destinar o seu voto de confiança, pois é isso que o nosso voto é. Somente nós podemos mudar o que está errado sendo efetivos e fazendo a nossa parte.

Recomendo a leitura do artigo: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=313SPE003

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