quinta-feira, 29 de julho de 2010

Pesquisa revela comportamento de jovens e crianças na utilização da Internet

Jovens e crianças não estão preparados para utilizar a Internet, é o que revelou uma pesquisa feita nos últimos dois anos pelo Laboratório de Estudos em Ética nos Meios Eletrônicos (Leeme), da Universidade Mackenzie.

Os pesquisadores do grupo, coordenados por Solange Palma Barros e, no qual, contam com a participação de Juliana Abrusio, foram a campo e, ao entrevistarem 2.039 jovens, entre 11 e 18 anos, descobriram que tanto alunos de escolas privadas, como de escolas públicas, apresentaram-se totalmente suscetíveis aos diversos problemas que ocorrem em função do uso indiscriminado da rede mundial de computadores.

Por se tratar de um universo virtual, a Internet traz uma falsa sensação de anonimato e impunidade, diz a pesquisa. O uso desmedido do universo virtual pelas crianças e adolescentes traz à tona não apenas a questão do comportamento, mas também situações mais preocupantes como a exposição à pornografia, a divulgação indevida da imagem e dados pessoais, a divulgação de boatos, bem como a pedofilia e o uso da Internet para incitar a violência.

Com os resultados em mãos, foram propostas alternativas concretas para a formação dos jovens quanto ao uso construtivo da Internet. Os pesquisadores produziram dois livros voltados para o Ensino Fundamental II e Médio, com o objetivo de relacionar os problemas que acontecem na Internet com a ética e os valores. “Queremos que os jovens assumam uma postura mais crítica e segura no uso da Internet”, afirma Solange Palma Barros, que pretende divulgar as obras nas escolas e, futuramente, lutar pela inserção da disciplina de ética e segurança na Internet no currículo escolar.

Além disso, o Leeme alerta sobre a falta de condições que muitos pais e professores têm para orientar os menores no uso da Internet: “nem todos estão preparados para acompanhar os jovens - que parecem estar anos à frente nas questões tecnológicas”, diz Solange, que ressalta a responsabilidade da escola em assumir o papel de orientador e formador.

Para os pesquisadores, falta responsabilidade no controle do uso da ferramenta eletrônica. “A maior parte dos entrevistados utiliza a Internet sem nenhum adulto por perto, sem nenhum controle ou monitoração”, afirma Solange que também identificou que este uso é feito, em sua maioria, dentro do próprio quarto do jovem.

Outro dado colhido pela pesquisa é que 45% dos entrevistados já tiveram medo em algum tipo de acesso que fizeram na rede mundial de computadores. “Este é um dos motivos que nos obriga, acima de tudo, a formar o lado virtual dos jovens cidadãos, prevenindo a ocorrência de problemas on line e minimizando os danos causados pelas diferentes problemáticas associadas à Internet”, diz Solange.

Para o Leeme, formando uma consciência de uso construtivo da Internet gera-se instrução, conhecimento, entretenimento sadio, exaltam-se os valores éticos e pais e educadores se aproximam muito mais das de crianças e adolescentes. “Em média as crianças e adolescentes passam 4 horas conectados. Mas o que eles estão deixando de fazer nessas 4 horas? Como ficam as atividades escolares, esportivas, familiares e as responsabilidades que todos os jovens devem ter? Sem dúvida nenhuma, a Internet é uma das maiores invenções da humanidade, mas quando percebemos que seu uso está indo contra às boas relações interpessoais, temos que perceber que algo está errado. Funcionários que são demitidos via e-mail e mães que só conversam com seus filhos através do MSN são exemplos tristes e preocupantes do uso da Internet em nossa sociedade”, finaliza Solange.

Para Juliana Abrusio, é importante conscientizar pais e escolas sobre as responsabilidades legais a que estão sujeitos ao concederem acesso indiscriminado e sem controle a Internet às crianças e aos adolescentes. "Há decisões judiciais condenando os pais a indenizações por atos ilícitos praticados pelos filhos na internet". Isto deve ser um alerta à atenção redobrada de todos. "Os pais e professores devem contribuir na educação das crianças e dos jovens, especialmente no ambiente da Internet, onde a falta de controle e orientação pode trazer sérios danos, inclusive na esfera judicial", completa Juliana Abrusio.

terça-feira, 20 de julho de 2010

A participação dos pais no caso do filho da Cissa Guimarães

Dei a mão pra Duda pra atravessar a rua e disse "vamos logo que a gente não pode brincar no meio da rua que é perigoso". No segundo que terminei de falar pensei na Cissa Guimarães e nas notícias que li mais cedo sobre o falecimento do seu filho. Ela deve ter dito isso para os filhos. Toda mãe diz. Ensinamos as crianças a olhar para os dois lados antes de atravessar. Explicamos os perigos do trânsito e deixamos claro que é preciso estar atento a tudo que acontece ao redor, já que a segurança não depende apenas da gente.


Fiquei pensando no paradoxo que é para uma mãe que tanto ensinou e alertou ter um filho atropelado. Não estou dizendo que a culpa é dele, mas acredito que seja quase impossível não pensar "onde foi que eu errei?". Como mãe posso imaginar a dor que esssa perda causa e sei o quão difícil é expressar em palavras. Assim como o amor pelos filhos é inexplicável, perdê-los também é. Vai contra a ordem natural das coisas.


Em um momento "de mãe para mãe", impossível não lembrar da minha que sempre disse que o carro é uma arma. Ela que me perdoe a correção, mas acho que o carro é uma arma em potencial, depende de quem o tem nas mãos. Perdi um amigo há quatro anos em um terrível acidente de carro. Sabia da irresponsabilidade dele ao volante e sempre soube que ele morreria disso. Só que ele não foi sozinho, levou junto a namorada. Este ano conheci casualmente o pai dele na parada de ônibus. Depois de alguns minutos de conversa percebi que havia dedo dele no que tinha acontecido. Ele me disse que não queria ter dado o Chevete, mas o guri tinha insistido e gostava tanto que acabou cedendo, achava bonito ver o carro turbinado... Nessa situação meu amigo levou um inocente. O que matou o filho da Cissa Guimarães ficou, mas tirou daqui um inocente.


Não sei se eles faziam um racha. Não sei se estavam apenas fazendo uma conversão. Não sei se havia pouca sinalização. Mas alguém que não tinha nada a ver com tudo perdeu a vida. Foi irresponsabilidade e isso é claro. E, na grande maioria dos casos, a irresponsabilidade vem de casa. Vem da falta de pulso dos pais, de tolerar o "jeitinho", de passar sempre a mão na cabeça dos filhos, por ser mais fácil deixar a vida criar do que se incomodar com a educação dos filhos. Não estou julgando os pais dos rapazes, mas uma mãe que ensinou seu filho, se preocupou vai dormir com um pedaço a menos e um vazio que nunca mais vai ser preenchido. Espero que sirva de alerta para os pais que lavam as mãos após os filhos fazerem certa idade. Ser pai é para toda a vida e nunca se para de ensinar.


À Cissa Guimarães, minhas humildes condolências.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Caso Bruno e a sociedade do espetáculo

Estava olhando o noticiário nos últimos dias sobre o caso do goleiro Bruno e resolvi escrever esse pequeno texto sobre a situação. Para o povo brasileiro ele é o culpado e já está condenado. Vejo muita semelhança neste caso com o caso do casal Nardoni: a população pedindo justiça, acusando antes mesmo do julgamento, enfim... Para cada Eliza Samudio e Isabella Nardoni que ganham destaque na imprensa há pelo menos outras 10 que são choradas apenas pela família e que, muitas vezes, nunca pôde enterrar um corpo ou ver a justiça acontecendo. Isso não sai no jornal nem na mídia, pois não são pessoas públicas e a repercussão não é tão grande para movimentar um país. Em meio a tanta corrupção, lavagem de dinheiro, jogo de interesses e tanta coisa podre vindo dos grandões do Brasil, a população vê nesses casos uma maneira de acreditar que sim, no país HÁ justiça. A condenação é comemorada como vitória, quase que pessoal, por pessoas que pouco ou nada tem a ver com o caso. Em um país de tantas desigualdades e com tanta coisa errada ver a "justiça ser feita" é uma maneira de acreditar que sim, as coisas podem melhorar e há uma luz no fim do túnel.

Mais uma vez, as teorias da comunicação surgem na minha vida (eu sabia que devia ter prestado mais atenção nas aulas). Senhoras e senhores, esta é a sociedade do espetáculo. O limite entre o show e a tragédia parece não mais existir nos dias de hoje. Programas se sucedem nos mais diferentes canais de televisão explorando a desgraça alheia, mas tudo isso por um simples motivo: nós consumimos isso. Programas só existem, pois há quem os veja. Jogue a primeira pedra quem nunca se pegou vendo a Sônia Abrão entrevistar especialistas sobre determinado assunto trágico (somente como exemplo, mas existem outros vários apresentadores). Nos dois casos citados antes, alguém morreu e será uma perda irreparável para quem fica. O que é espetáculo e o que é real então? Já não se sabe diferenciar. O que acontece é que tudo acaba virando entretenimento, que acaba sendo consumido por uma sociedade já revoltada pela desilusão com a vida real. E sim, isto é uma crítica também aos meios de comunicação dos quais, como jornalista, me incluo.

Como sou uma pessoa positiva por natureza, acredito que há coisas boas que podem ser tiradas dessa situação. Acho muito triste saber que esses casos envolvendo pessoas públicas são resolvidos com uma agilidade impressionante quando há centenas de outros esperando na fila para que a justiça seja feita. Espero que os brasileiros aprendam com essas situações recorrentes e, em ano de eleição, vejam muito bem para quem destinar o seu voto de confiança, pois é isso que o nosso voto é. Somente nós podemos mudar o que está errado sendo efetivos e fazendo a nossa parte.

Recomendo a leitura do artigo: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=313SPE003

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Larissa Riquelme, a personificação da alienação brasileira

Sempre que eu penso que não posso me surpreender com mais nada, vem a vida e me prova que estou errada. Infelizmente acabo surpreendendo-me negativamente, na grande maioria dos casos, e com as pessoas. Parece-me que, no Brasil, cada vez mais estamos retornando ao estado natural dos seres humanos: a falta de racionalidade e a não contenção dos instintos mais primitivos.

Larissa Riquelme, a "musa" da Copa (título altamente questionável), personifica toda a alienação dos brasileiros e a total falta de critérios e prioridades. Antes que digam que é recalque meu ou inveja posso garantir que não é e, se necessário for, posso provar. Tiro meu chapéu pro primeiro homem que disser que não acha ela tudo isso e que prefere outras que são tão bonitas quanto e demonstram ter muito mais conteúdo, como a Angelina Jolie.

Há uma diferença entre achar bonita e tornar a pessoa alguém de destaque. Como disse uma amiga minha: a guria só veio pra cá, devemos ser o único país que prestou atenção nela. Pois então, resolvi me informar sobre tal criatura de Deus e nada melhor do que olhar o perfil no Facebook. Depois de muitas fotos e de praticar meu espanhol cheguei a uma inevitável conclusão: perdi 30 minutos do meu já escasso tempo. Em qualquer coisa que ela faça, está sempre valorizando os atributos que Deus e o cirurgião plástico lhe deram. Alguma semelhança com as (sub)celebridades do Brasil? Posar pelada e rebolar é a grande receita para se ganhar dinheiro e fazer "fama" aqui. Não necessariamente nesta ordem.

Como boa jornalista e que prestou atenção nas aulas (ok, nem todas, eu admito) de teorias da comunicação, sei da importância social de programas como novelas e até mesmo do Big Brother (tão questionado pelos cults). Além de distração em uma rotina cada vez mais apertada e com mais prazos, este tipo de programa tem a função social de despertar certos questionamentos e levantar temas para debate na sociedade. Gerar celebridades instantâneas é uma conseqüência. Até aí, tudo certo. O problema é quando estas "celebridades" ganham mais destaque do que os temas relevantes. Me desculpem os marmanjos babões, mas não consigo levar a sério quem não sabe controlar seus instintos e fica babando por um grande par de silicone e um corpo em dia. Agora, respeito os homens que valorizam o conteúdo das mulheres.

Estamos em ano de eleições, somos o próximo país sede da Copa do Mundo, sediaremos as Olimpíadas de 2016 e ainda temos inúmeras questões sociais, políticas, de infra-estrutura e econômicas a serem resolvidas, mas cerca de 30 jornalistas no mínimo (todos homens, por que será?) estavam cobrindo a passagem de Larissa Riquelme pelo Brasil. Enquanto ela exibia a boa forma para os brasileiros babões, políticos roubavam um pouco mais em Brasília, gente morria por causa das chuvas em Alagoas e outras tantas mulheres eram espancadas e crianças maltratadas. Ela vai ajudar na construção de escolas? Doar dinheiro para a caridade? Auxiliar as vítimas das enchentes no nordeste? Não, ela apenas posou para algumas fotos de uma marca sem sutiã. Acho que está na hora de revermos nossos conceitos.